Foto: IVO BONFIM.
Entrevistamos uma especialista no caso, que afirmou que o Morro do Cruzeiro está situado em uma área ecologicamente vulnerável, justamente pela ausência de vegetação nativa densa, pelo extensivo processo de urbanização, que inclui tanto as torres de telefonia cravadas em seu cume, quanto as ocupações, que se estendem por boa parte da base do Morro. Não devemos nos esquecer que o extensivo processo de ocupação ocorre por parte do crescimento de moradias irregulares, mas também por parte dos sitiantes da região.
Foto: WILLIAN DE SOUZA. Retomando; tais parques têm como objetivo, o aproveitamento para estudos científicos do local e, especialmente, viabilizam os projetos de proteção ambiental integral, que segundo a especialista, procuram impedir a degradação dos mananciais do bairro de São Mateus.
“Pelo fato do Morro do Cruzeiro poder se tornar uma área de preservação ambiental integral em breve, existe uma outra alternativa, que é o Parque Municipal Jardim da Conquista, que oferece espaços de convivência para população atrelados ao planejamento de conservação ambiental”, sugere nossa entrevistada.
Sabendo que é cultural o hábito da população de São Mateus visitar o Morro do Cruzeiro e utilizá-lo como local de convívio social, neste caso devemos nos conscientizar e procurar reduzir ao máximo, atitudes que possam degradar esta área, tais como plantar ou retirar mudas de árvores, o que pode trazer impactos muito fortes, como a erosão do solo, que por sua vez pode comprometer toda estrutura geológica do Morro. Mas proibir a visitação radicalmente de tal modo, parece uma atitude equivocada, aliás, se existe uma área de convívio comum em nossa região e, sobretudo, que já se tornara uma opção de lazer tradicional para a maioria da população local, podemos discutir com maior propriedade o planejamento que pretende proibir o acesso da população ao Morro do Cruzeiro. Assim sendo, restariam poucas ou quase nenhuma opção de lazer para os moradores de São Mateus.
Foto: IVO BONFIM.
Sempre lembramos que os recursos naturais podem e devem ser aproveitados com consciência, pela sociedade, porque se não fosse assim, para que seria importante termos o Morro do Cruzeiro na região de São Mateus? E é justamente isso que devemos fazer, aproveitar bem os recursos naturais que temos no Morro do Cruzeiro, sempre respeitando o equilíbrio natural, a fim de impedir que os maiores vilões: os aterros sanitários e até um iminente cemitério particular possam se instalar na região de São Mateus e realmente provocar impactos irreversíveis.
Foto: WILLIAN DE SOUZA.
Adjunto ao processo de re-naturalização do Morro do Cruzeiro, há um projeto de incentivo à agricultura orgânica urbana, que seria uma possibilidade de desenvolvimento econômico, social e principalmente ambiental da região, mas também, dependendo dos resultados obtidos, futuramente poderemos ter um grande aproveitamento eco-turístico do local, e esta iniciativa seria muito importante às famílias de agricultores, que com certeza, se beneficiarão com o potencial turístico do entorno e conseqüentemente, terão uma melhor qualidade de vida.
Foto: WILLIAN DE SOUZA.
Tal iniciativa de re-naturalização do Morro do Cruzeiro tem simpatizando a população e vem ganhando aprovação de lideranças populares e também da associação de produtores orgânicos de São Mateus (APOSM), que vê nesta oportunidade de participar dos projetos de proteção ambiental um gesto de cidadania. “Nos estatutos da associação consta como obrigação dos membros a preservação das nascentes. Eles sabem a importância da água para a agricultura, principalmente quando se trabalha com produtos orgânicos”, diz a entrevistada.
Outro tema discutido durante a nossa entrevista fora o crescimento de São Paulo e dos municípios vizinhos, que aumenta a cada dia, juntamente com a pressão sobre o que restou da vegetação nativa da região. As matas e campos, por sua vez têm que ceder espaço a bairros cada vez mais densamente habitados.
“São Mateus é um lugar maravilhoso. Temos sete bacias hidrográficas (seis ligadas ao Rio Aricanduva) e muitas extensões de vegetação ainda intocadas. Mas a pressão urbana é grande, pois este é um dos poucos espaços que São Paulo ainda tem para crescer”, comenta a especialista. Então convergimos que a preservação ambiental é indiscutivelmente importante, especialmente nos dias de hoje; quando se diz respeito ao Morro do Cruzeiro, que é o local de nascimento do Rio Caguaçú, afluente do Córrego Aricanduva, logo pensamos nas habitações irregulares que causam a poluição dos rios da região.
Devem ser de grande seriedade os projetos para a recuperação desta área, até então ocupada indiscriminadamente, mas também, é de extrema importância um estudo, tanto dos impactos ambientais (EIA-RIMA), quanto dos impactos socais, uma vez que será necessária a evacuação de centenas de famílias, principalmente na região da base do morro.
O maior empecilho para a recuperação ambiental do Morro do Cruzeiro, por mais que pareça óbvio, não são as ocupações irregulares, no município de São Paulo, mas sim no de Mauá, uma vez que, existe uma total falta de acordo, e de organização dos governos de ambos os municípios, fica ainda mais complicado tomar alguma iniciativa, e além do mais, essa área sofre o fenômeno de conurbação, ou seja, a junção destes dois municípios, por isso, precisamos cobrar providências da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano), que é um órgão estadual, tendo como dever intermediar casos como este.