A queda do muro de Berlim em 1989 foi um marco na história mundial, um período de intensas transformações tanto geopolíticas quanto econômicas à nível internacional.
A queda do muro, além de tudo, simbolizou a unificação das Alemanhas Oriental e Ocidental, algo inimaginável naquela época, enfim o atraso tecnológico, as técnicas de produção obsoletas e sobretudo o espectro do comunismo estavam com os dias contados na Eurásia.
Em substituição ao conflito “Leste X Oeste”, típico da Guerra Fria, surge o atual conflito “Norte X Sul”, que gira em torno do caráter unipolar (representado quase que exclusivamente pelos EUA), ou multipolar (incluindo também países desenvolvidos como a própria Alemanha, a Inglaterra, Japão e emergentes, tendo como exemplo a China).
A divisão geopolítica “Norte X Sul” não se dá somente no âmbito geopolítico, como vimos anteriormente, mas também no cenário sócio-econômico, o que significa que o Norte não necessariamente estará acima da linha do Equador e o Sul respectivamente abaixo, pois muitos países mesmo estando localizados geograficamente ao Sul, por exemplo, podem pertencer ao Norte economicamente falando, como é o caso da Austrália.
Damos ao atual conflito “Norte X Sul” o nome de multilateralismo com até mesmo um crescente regionalismo econômico; tanto um quanto o outro, são resultados das influências capitalistas no mundo globalizado, pois a cada dia o comércio internacional é intensificado graças à formação de mercados comuns (União Européia), zonas de livre comércio (Nafta), ou Uniões Aduaneiras (Mercosul).
O regionalismo econômico, como próprio nome já diz, compreende países próximos que estabelecem um acordo comercial, podendo apresentar maior ou menor nível de integração, um exemplo de grande integração é a União Européia, que estabeleceu não só uma legislação em comum, mas também políticas comerciais e uma moeda unificada, o Euro.
Os chamados blocos econômicos são de grande importância no cenário sócio-econômico atual, sendo extremamente funcionais desde que não haja preconceitos contra os países subdesenvolvido ou emergentes e até mesmo uma possível exploração por parte dos países mais ricos, fato constatado no Nafta (Tratado Norte-americano de Livre Comércio), onde o Canadá e especialmente os EUA acabavam por explorar seus vizinhos mexicanos que de acordo com a DIT (Divisão Internacional do Trabalho) são exportadores de matéria-prima e conseqüentemente têm que importar produtos industrializados com alto valor agregado dos países mais desenvolvidos. O ideal e mais justo seria que tais blocos garantissem que países subdesenvolvidos pudessem emergir de forma equilibrada sem gerar interdependência nem mesmo uma disputa desleal entre as nações, onde cada país pudesse se desenvolver em todos os sentido, especialmente social e culturalmente.
A União Européia é sem dúvida um exemplo de grande integração econômica e comercial, porém devemos considerar o ocorrido com a Grécia, que acabou por não conseguir acompanhar o intenso ritmo da UE e passa por crises social e econômica atualmente.
Outro bloco econômico que merece nossa atenção é a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), que desde o início caracterizou um possível “acordo” entre o tubarão (EUA) e as sardinhas (demais países subdesenvolvidos da América Latina). O que significa que esta seria uma excelente oportunidade para os Estados Unidos inserirem ainda mais os seus produtos no mercado latino, além de obter significativas vantagens na importação de matérias-primas, devida a isenção/redução de impostos.
Existem alguns fatores que possibilitam ainda mais a formação, integração e a consolidação dos blocos econômicos, estes são os fatores locacionais, muito importantes para que indústrias, tanto nacionais, mas especialmente as multinacionais possam territorializar-se; estas na maioria das vezes estão em busca de infraestrutura não-saturada, mão-de-obra barata, mercado consumidor em ascensão, captação de matéria-prima, subsídios dos governos locais, proximidade à portos, rodovias, ferrovias, ou aeroportos, geralmente alguns países subdesenvolvidos e até mesmo emergentes reúnem boa parte destes fatores, um exemplo claro disso é o Brasil, com abundância em matérias-primas, mão-de-obra, tanto especializada, quanto não-especializada, além de uma grande malha rodoviária, portos e aeroportos modernos.
Já para algumas empresas como a Nike, por exemplo, dentre todos os fatores locacionais anteriormente citados, o mais interessante seria a mão-de-obra barata e não-especializada, encontrada em muitos países africanos, Taiwan, Camboja e até mesmo na China.
Podemos concluir dizendo que em várias situações os fatores locacionais são direcionados e coordenados pela DIT, que implica na antiga relação mercantilista, onde os atuais países subdesenvolvidos encaixam-se na categoria de meros fornecedores de matéria-prima e mão-de-obra pouco especializada, já os países ricos são assim classificados por possuírem tecnologia de ponta necessária para transformar simples placas de metal (matéria-prima) em modernos chips de computador, por exemplo, (bens de consumo com alto valor agregado); grosseiramente esta é a relação que torna os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres e eternos devedores do sistema capitalista.