“Os camponeses
alimentavam-se de pão, cerveja e legumes. Às vezes, peixe e fruta podem entrar
no cardápio. Com a alimentação simples como essa os camponeses e demais homens
do povo mantém se muito magros. Aqueles que comem muito, que engordam,
pertencem à classe dos ricos: nobres, sacerdotes, escribas, só esses têm uma
barriga saliente. Ter esse tipo de barriga era considerado elegante. O camponês
que observava passar um barrigudo invejava-o, pois ele certamente tem uma vida
agradável e próspera.
(KOENING, Viviane. As Margens do Nilo, os egípcios.
São Paulo, August.
1990. P. 16-19)
A partir da leitura do texto, é
inevitável não fazermos automaticamente uma relação com o presente. Atribuímos
essa mudança radical nos padrões de beleza à globalização, que defende a teoria
do belo estar diretamente ligado a magreza exacerbada. Esse aspecto está sendo
muito bem trabalhado pelos meios de comunicação, que criaram um padrão de
beleza usado por muitas grifes de estilistas famosos, que por sua vez, estão
exercendo uma forte pressão alienadora na mente da maior parte dos jovens e
adolescentes, que acabam desafiando suas características genéticas e naturais,
se flagelando para conseguir se enquadrar literalmente num padrão de beleza e
se transformar num produto a ser exposto numa vitrine cheia de glamour e
holofotes, que têm um término pré-estabelecido, já que todo produto tem seu
prazo de validade e é passível de deteriorações. Esta é a face mais perversa da
globalização, que objetiva alienar a sociedade e moldar nossas mentes, e ainda
não contente tenta a todo custo impor um padrão de cor de cabelo, tipo de roupa
e outras exterioridades fúteis de puro adorno que tornam as pessoas próximas
dos fluxos da aversão e da inveja.
Em resumo, pode-se dizer que hoje uma
pessoa com barriga saliente, nada tem de formosura nem de beleza, atualmente
como é facilmente constatado, o sinônimo de belo e perfeito é a emaciação a
todo e qualquer custo, em razão disso, várias meninas pagam com a própria vida
o preço a serem magérrimas.
Mas será que podemos definir claramente o que é a beleza? Ou será que
esse é um conceito relativo, que depende necessáriamente da época, do país, do
indivíduo, enfim? Segundo a filosofia, a beleza é um valor objetivo, que
pertence a determinado objeto e pode ser medido; ou pode ser subjetivo e,
portanto, poderá mudar de indivíduo para indivíduo, tornando-se um critério
muito particular em relação do que se concebe ser belo. De acordo com Kant o
conceito de belo baseia-se naquilo que “agrada
universalmente”. Já Hegel introduz que a beleza é um conceito “históricamente construido”.
Quanto ao feio, o problema está contido nas colocações que são feitas
sobre o belo, consequentemente o feio não pode ser objeto de representação
artística, e caso seja representado, será entitulado tal como simplestemente
“feio”, logo gera-se todo um estereótipo acerca dessa figura que não é
necessáriamente bela, levando em conta que em nossa sociedade tem-se a beleza
como uma obrigação.
Conclui-se então que, estamos perdendo as essências históricas da
humanidade, e de acordo com Hegel, a nossa essência pessoal, e pior ainda
estamos presos e condicionados a um sistema que compreende todos os setores
dessa sociedade vendida que é incapaz de respeitar as individualidades e
características próprias de cada um, passando por cima do respeito em nome de
uma lei regida por clausulas escritas por um partido de alienadores que deram
um Golpe de Estado e baixaram a ditadura da homogeneidade na sociedade mundial
e o esteriótipo de beleza global: a beleza estadunidense..