Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
(...)
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
(...)
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
(...)
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente.
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
(...)
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
(...)
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
(...)
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente.
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Carlos Drummond de Andrade
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Realmente, a crítica feita por Carlos Drummond de Andrade, nos faz questionar sobre as condições que o consumo alienado nos impõem, mas podemos nos questionar também, quanto às soluções que o poeta deixa de argumentar, mesclando o consumo essencial para nossa sobrevivência com o consumo desenfreado, este que é insalubre e contribui diretamente com a perda da nossa identidade, da capacidade de nos auto-analisar e nos enxergar como seres humanos, capazes de consumir conscientemente ou nos vender e nos deixar escravizar pela sociedade capitalista e hedonista, adepta do consumo predatório.
O autor está certíssimo ao nos comparar a uma etiqueta, o que todos nós estamos sujeitos a nos tornar se não consumirmos com a finalidade de suprir o básico e essencial para vivermos como seres humanos e não como um out door ambulante.
Existem vários caminhos a seguir a fim de não nos tornarmos uma coisa, podemos nos abnegar totalmente aos artigos industrializados, passando a plantar nosso alimento e confeccionar nossas roupas, ou passar a consumir conscientemente, isto é, para suprir o essencial para continuarmos vivos, sem agredir o nosso “eu interior” e exceder os limites da real condição humana.
O autor está certíssimo ao nos comparar a uma etiqueta, o que todos nós estamos sujeitos a nos tornar se não consumirmos com a finalidade de suprir o básico e essencial para vivermos como seres humanos e não como um out door ambulante.
Existem vários caminhos a seguir a fim de não nos tornarmos uma coisa, podemos nos abnegar totalmente aos artigos industrializados, passando a plantar nosso alimento e confeccionar nossas roupas, ou passar a consumir conscientemente, isto é, para suprir o essencial para continuarmos vivos, sem agredir o nosso “eu interior” e exceder os limites da real condição humana.
Se a sociedade impõem que devemos ser consumistas, então vamos consumir, mas não para satisfazer as necessidades gananciosas do mercado, pois se assim fizermos, justamente, estaremos nos tornando um produto, um barato bem de consumo, uma coisa propriamente dita.
Um comentário:
Parabéns pela força de vontade e por ser fiel aos seus ideais. Sempre que precisar conte comigo. Prof. Eleandro.
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