Já se tornaram comuns atos violentos, intolerantes e selvagens nas torcidas [des]organizadas.
Caso concorde com essa afirmação, você acaba de cometer um equívoco, pois a palavra correta ao trabalharmos esta situação, não seria “comum”, mas sim “freqüente”, uma vez que, classificamos tal prática bestial como comum, damos margem para a disseminação da violência e de atos agressivos por todo o país, bem como as brigas entre torcidas [des]organizadas, que deixaram, há muito tempo, de ser exclusividade de São Paulo, ou do Rio de Janeiro.
Mas sejamos mais flexíveis, toda torcida está suscetível a brigas e conflitos; desde que seja desorganizada e que tenha infringido as regras estabelecidas pela sociedade quanto ao senso comunitário. Além do mais teríamos o respaldo necessário para afirmar que tais “torcidas” estão compreendidas por verdadeiros vândalos, ao invés de torcedores.
Certa vez, Pitágoras admitiu existirem três tipos de pessoas que compareciam aos Jogos Olímpicos, hoje, por exemplo, podemos listar no mínimo quatro tipos de pessoas que comparecem ou que integram as chamadas torcidas organizadas: as que vão para comerciar durante o jogo, sem se interessar pelos torneios, as que vão para competir e fazer brilhar suas próprias pessoas, as que vão para assistir as partidas e avaliar o desempenho e o valor daqueles que ali se apresentam e finalmente, os vândalos, que se disfarçam de torcedores de bem, no propósito de gerar conflitos.
Seria muito fácil continuar apontando problemas e falhas na formação dessas torcidas, mas o nosso maior desafio está em justamente, propor soluções, uma vez que a maior certeza que temos é que existe uma problemática atuante e que precisa ser resolvida.
Antes mesmo de propor soluções, precisamos estudar e procurar entender as causas que levam os torcedores a atitudes de extrema violência e intolerância. De acordo com algumas teorias Freudianas, podemos dizer que tais atos são influenciados por fatores e sentimentos internos e externos às pessoas, e que podem ter acontecido em uma ocasião remota ou até mesmo, podem estar agindo sobre os indivíduos naquele exato momento. Sentimentos recalcados em ocasiões anteriores, mesmo que inconscientes, podem a qualquer momento se sublimar, por uma razão relativa a alguma associação espontânea que acabou ocorrendo e levou o indivíduo à extrema fúria por motivos fúteis e imbecis, tais quais caracterizam o estopim de uma briga entre torcidas organizadas.
Também seria correto afirmarmos que as brigas são reflexos da fragilidade dos valores e da falta de senso comunitário dentro das torcidas organizadas, que prefiro chamar de desorganizadas, uma vez que há uma total ausência de regras e regimentos que garantam o mínimo de civilidade entre essa sociedade esportiva. Não podemos deixar de conceituar que em alguns casos, uma “quebra repentina” dos valores faz com que um indivíduo de plena consciência dos preceitos da ética, acabe os “esquecendo” em razão do grande impulso exercido pela maioria de rebeldes.
Do ponto de vista ético, moral e dos valores, um grupo inteiro, nesse caso, seriam as torcidas organizadas, é tomado por desvalores, que são extremamente prejudiciais e resultam diretamente na desordem e algazarra, que acaba por contaminar até os indivíduos alheios ao tumulto.
Agora, munidos de um breve, mas importante conceito sobre as causas que culminam nos conflitos, chegamos a um desafio muito maior, precisamos propor alternativas para que esta problemática não se repita mais vezes.
Vimos que os valores são resultados das relações humanas e das regras estabelecidas entre os indivíduos e o mundo em que vivem, por isso o objetivo dos valores está em orientar atitudes concretas. Se a água é indispensável para a nossa vida, temos que evitar a poluição dos rios, por exemplo, bem como acontece com as relações humanas, é preciso zelar por elas, já que somos extremamente dependentes da sociedade, e nesse caso, dizemos que os valores existem na ordem da afetividade, uma vez que não ficamos indiferentes diante de alguma coisa, de uma pessoa, enfim, diante das relações interpessoais, que se dão a todo tempo e em todos os lugares.
Outra palavra que devemos avaliar, dentro deste mesmo contexto, é justamente “atitude”; seria necessariamente uma atitude, promover brigas entre torcidas organizadas? Claro que não, tal prática de tamanha bestialidade é um impulso primitivo, que ainda existe na personalidade humana, e o papel do conjunto de valores e da moral é justamente nos ajudar a controlar esses impulsos selvagens, e sublima-los em atitudes polidas, uma vez que, no século XXI a ética e os valores, bem como o senso comunitário, deveriam ser inatos ao ser humano.
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