“Alguns pretendem que o poder do senhor é contra a natureza, que se um é escravo, e outro livre, é porque a lei o quer, que pela natureza não há nenhuma diferença entre eles e que a servidão é obra não da justiça, mas da violência. A família, para ser completa, deve compor-se de escravos e de indivíduos livres. Com efeito, a propriedade é uma parte integrante da família, pois sem os objetos de necessidade é impossível viver e viver bem. Não se saberia pois conceber lar sem certos instrumentos. Ora, entre os instrumentos, uns inanimados, outros vivos... O escravo é um instrumento vivo. Se cada instrumento pudesse, por uma ordem dada ou pressentida, executar por si mesmo o seu trabalho, como as estátuas de Dédalo ou os tripés de Hefaístos, que, segundo Homero, dirigiam-se em marcha automática, às reuniões dos deuses, se as navetas tecessem sozinhas... então os chefes de famílias dispensariam os escravos... O escravo é uma propriedade que vive, um instrumento que é homem. Há homens assim feitos por natureza? Existem homens inferiores, tanto quanto a alma é superior ao corpo, e o homem ao bruto; o emprego das forças corporais é o melhor partido a esperar do seu ser: são os escravos por natureza... útil ao próprio escravo, a escravidão é justa.
Aristóteles. Política (fragmento). In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa, Plátano, 1977. p.70.
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Sem dúvidas os alicerces para a construção da sociedade moderna foram os escravos. Por serem exatamente a base das sociedades, desde a antiguidade, os escravos trabalhavam duramente para sustentar uma elite aristocrática, além disso, foram importantes para o desenvolvimento de todas as atividades econômicas, na Grécia e Roma Antiga, pois ocupavam quase todas as funções existentes. Estavam presentes desde a burocracia à construção de obras públicas. Também estavam diretamente ligados ao desenvolvimento cultural da população, pois eram responsáveis pela educação dos filhos da elite, atuando como pedagogos.
Portanto, é fato que, os escravos foram os indivíduos que mais contribuíram para a ascensão das sociedades, por outro lado, é evidente que seus feitos, nunca carregaram seus nomes. Em especial, na Grécia Antiga, os escravos exerciam funções indispensáveis, como: administradores, construtores de obras públicas e até educadores, mesmo assim, não lhes fora garantido o direito à cidadania e infelizmente, continuaram a ser propriedade dos eupátridas (elite grega, ‘bem nascidos’), ou seja, “coisas”, seres inanimados e sem sentimentos.
Portanto, é fato que, os escravos foram os indivíduos que mais contribuíram para a ascensão das sociedades, por outro lado, é evidente que seus feitos, nunca carregaram seus nomes. Em especial, na Grécia Antiga, os escravos exerciam funções indispensáveis, como: administradores, construtores de obras públicas e até educadores, mesmo assim, não lhes fora garantido o direito à cidadania e infelizmente, continuaram a ser propriedade dos eupátridas (elite grega, ‘bem nascidos’), ou seja, “coisas”, seres inanimados e sem sentimentos.
Quanto a questão política, os escravos contribuíram diretamente para o surgimento da “democracia” ateniense, pois os mesmos constituíam a base que movimentava a economia da sociedade, lembrando que o trabalho era considerado indigno pela elite de eupátridas, que por sua vez, se dedicavam única e exclusivamente ao ócio e a filosofia, porém isso criou condições para o surgimento da idéia de discussão pública, que veio a evoluir para o conceito de política e “democracia”, na qual somente os cidadãos com posses de terras podiam se agremiar. Entretanto, há uma controvérsia fortemente implícita nesse conceito de democracia e cidadania ateniense, já que só eram considerados cidadãos os aristocratas, os comerciantes, os artesãos e os pequenos proprietários. Portanto, excluíam-se desse grupo, estrangeiros, escravos e mulheres, ou seja, cerca de 90% da população grega não era considerada cidadã. Agora, tamanha tirania, exclusão e xenofobia, podem caracterizar uma política democrática (o governo de todos, ou da maioria)? A resposta é não, pois os princípios básicos e essenciais da verdadeira democracia, que são: discussão pública e senso comunitário foram covardemente negligenciados por uma elite que se privilegia de uma hegemonia aristocrática. A “democracia”, por se tratar de um sistema de governo que se instituíra sobre alicerces defasados, seria a forma mais coerente e, sobretudo eficiente de se governar nos dias de hoje? Dessa vez a resposta não é tão simples, mas subentende-se que a democracia, realmente não é a melhor forma de governo a se adotar atualmente, por outro lado, até agora, não temos armas fortes o bastante para combater a democracia e principalmente, o pior de todos os inimigos: o capital. O comunismo fica de mãos atadas diante dessa situação, pois é exatamente nos momentos de crise que esperamos uma resposta mais concisa e consciente da população, além de forças reacionárias, mas contraditoriamente, nos momentos críticos, a população busca conforto criticando o sistema e se entregando aos meios de alienação, que cumprem com excelência o papel de silenciar o grito de fúria dos cidadãos conscientes, que esperam sedentos um instante, uma brecha sequer, para exalar a força transformadora. Sem sombra de dúvidas o nosso anseio por mudanças, pode ser atribuído como herança dos escravos que também sofriam diversas privações pelo sistema opressor, que nunca perde tempo e vai logo estudar várias formas de estender suas influências sobre a população, que além de ter perdido a liberdade física, já há muito tempo, está mais do que nunca, perdendo a liberdade de pensamento também.
Em suma, é extremamente importante que se quebre essa ideologia, que Aristóteles ilustra muito bem, como a existência de “... homens inferiores, tanto quanto a alma é superior ao corpo, e o homem ao bruto; o emprego das forças corporais é o melhor partido a esperar do seu ser...”, além de que, segundo o mesmo, naturalmente não existem seres humanos diferenciados, o que fica devidamente esclarecido ao analisarmos o processo qual somente se tornavam escravos aqueles povos que perderam batalhas importantes e conseqüentemente, são submetidos a serem espólio de guerra dos vencedores, não havendo distinção entre as pessoas, uma vez que, ricos e pobres, se tornavam escravos da mesma forma. O que necessariamente não aconteceu e não acontece em nosso país, onde a justificativa para a escravização de um indivíduo está na cor de sua pele. A partir desse ponto de vista a escravidão comum das sociedades grega e romana, não se trata de uma injustiça, mas cremos que atualmente, não convém qualquer tipo de trabalho escravo.
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Um comentário:
A perversa e criminosa exploração e escravidão comunista foi destruída na Europa do Leste e Rússia em 1989!
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