sexta-feira, 30 de outubro de 2009

FALSO IDEAL DE LIBERDADE

Vista noturna do bairro de Times Square, em Manhattan, Nova Iorque.

Embora tudo pareça tão diferente e equilibrado, repare como tudo isso, ao mesmo tempo consegue ser tão igual e tão previsível.

Atualmente muito se fala sobre liberdade de expressão, liberdade de voto, liberdade de escolha, e especialmente sobre cidadania. Mas pouco questionamos sobre nossa liberdade, se o ideal de felicidade é verdadeiro, se a sociedade se sente feliz, enfim, pouco questionamos também sobre a cidadania, se ela realmente existe, se é um mero preconceito burguês, ou se é apenas um instrumento de controle e alienação da população.

Como já dizia Marx: o poder invisível, a ideologia, exerce grande influência sobre toda população, e esta ideologia não poderia deixar de ser a da classe burguesa, ou seja, a classe dominante.

Como podemos dizer que somos livres ao votar se temos opções muito escassas de candidatos para escolher? Como podemos nos considerar livres se somos praticamente obrigados a vestir uma roupa de determinada marca e calçar um sapato também de uma marca exigida? Tudo isso só porque o mercado de trabalho, a sociedade do capital e os grupos sociais quais participamos valorizam e impõe essas regras. Como podemos nos dizer livres sendo que não temos sequer a liberdade de assistir programas de televisão que sejam de nosso interesse e, ou que nos agregue algo de bom? A televisão e os meios de comunicação nos seduzem e nos alienam de tal forma que nos obriga a assistir mesmo àqueles programas que não nos agradam e não nos agregam nada de bom, na maioria das vezes somos reféns de um jornalismo tendencioso, de realities shows obscenos e etc.

Não existe liberdade onde as pessoas são humilhadas, suas diferenças não são respeitadas. Também não existe liberdade onde a população é obrigada a assistir os mesmos programas de televisão, usar as mesmas roupas, os mesmos sapatos, falar as mesmas gírias, enfim, ser livre significa ser diferente e ao mesmo tempo ser respeitado sem deixar de respeitar as outras pessoas.

Não podemos esquecer de observar que boa parte da nossa liberdade nos é roubada descaradamente e diante dos nossos olhos, seja pela nossa acomodação, pela nossa cordialidade e especialmente, pela nossa falta de força de vontade para resistir aos regimes de homogeneidade que os meios de comunicação vêm nos impor em nome da classe burguesa. A partir do momento que passarmos rejeitar os realities shows, as marcas mais famosas de tênis, e assim por diante, daremos início a uma luta de ideologias e de argumentos, que serão capazes de revolucionar toda a sociedade. Esta será uma luta árdua, resistir a ditadura da homogeneidade burguesa é muito difícil, mas também é o primeiro passo que podemos dar rumo a uma sociedade mais justa e igualitária, capaz de reconhecer as diferenças entre as pessoas, sim, mas ao invés de combatê-las, passe a aprender com elas, aliás, a intolerância é uma das principais conseqüências do falso ideal de liberdade e da falsa cidadania sobre qual vivemos.

Quanto ao falso ideal de cidadania, está mais do que claro, que é uma invenção burguesa no simples intuito de “adestrar”, isso mesmo, grosseiramente, “adestrar” a população, até o ponto que ela consiga acreditar que está agindo e pensando pela sua própria cabeça e defendendo seus próprios ideais, mas que na verdade, está agindo e pensando de maneira alienada, quase hipnótica, em defesa dos ideais burgueses. O nosso papel diante disso é justamente o de indagar sobre a cidadania, questionar se há cidadania plena, se perante o capitalismo todos são igualmente cidadãos, ou se uns são mais do que os outros; em outras palavras, a cidadania foi criada em benefício da população, ou pura e simplesmente para mascarar a dura realidade enfrentada pelo povo e esconder um problema ainda maior: a luta de classes?

PORTAL COMUNISTA - publicação de WILLIAN DE SOUZA famousstudio_willian@yahoo.com.br

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