domingo, 24 de maio de 2009

TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO – "PANIS ET CIRCENSES"

Ao explorarmos a origem do Estado, temos que retornar ao berço da cidadania, à antiga sociedade italiana que foi marcada por regimes aristocráticos, republicanos e imperiais. Também ao falarmos sobre o Estado nos deparamos com a figura de Maquiavel, que via na conjuntura estatal uma extensão da família.
Segundo Maquiavel o ser humano é dotado de maus sentimentos e possui naturalmente e necessariamente uma pré-destinação ao mal e aos desejos mundanos. A fim de controlar a maldade humana, Maquiavel defendia que somente um verdadeiro príncipe, virtuoso, rico, forte e esperto, poderia escolher uma forma de governo capaz de controlar a maldade humana e organizar os homens em uma sociedade em que existisse o equilíbrio, a educação, a virtude e principalmente a libertação dos maus desejos.
O governo, por sua vez, deveria ser feito de boas leis e boas armas, ressaltando as características imperialistas / expansionistas e aristocráticas de Roma. Já os pré-requisitos básicos para ser um “político profissional” é ser esperto como uma raposa e forte como um leão, também, é preferível ser temido do que amado, de acordo com Maquiavel, a população não respeita aquilo que ela não teme.
Dessa forma podemos estabelecer um breve entendimento de que desde a sua formação o Estado vem usando de sua autoridade máxima e de seu poder [i]legítimo para cada vez mais podar os direitos dos cidadãos e exercer pressão sobre os mesmos quanto aos aspectos éticos e morais, já que nem mesmo nos políticos profissionais, que subentende-se serem os defensores dos direitos do povo, exemplos de honestidade e competência, não estão em dia com seu decoro, e para silenciar e manter a população na mais absoluta alienação, investem pesado em propaganda política, que divulga resultados “agradáveis”, porém superficiais, pois foram minuciosamente manipulados, sem falar no desrespeito que os mesmos têm pela população, já que nesses apontamentos estatísticos a população é somente um número, um número muito pequeno, em outras palavras, insignificante em relação as decisões que orientam o rumo do nosso país, e a população se torna um número ainda mais ínfimo quando o assunto é o grande numero de riquezas produzidas pelo Brasil e que ficam monopolizadas nas mãos de “crianças” mesquinhas que se recusam a dividi-las.
Mas não está tudo perdido, o Estado tem um papel importantíssimo quanto à transição do perverso regime capitalista para o socialismo, pois nesse caso ele tem o poder de tornar públicas as empresas privadas, passando oferecer melhores condições de vida e trabalho para a população, que vai ter mais interesse nas questões políticas, conseqüentemente, deixando de ser omissa, portanto conivente com a corrupção e a injustiça, então ao final desse processo o socialismo dará lugar ao comunismo, onde o povo terá total autonomia na sociedade e receberá a alforria do corpo e da mente, daí relembraremos o imortal lema do Movimento Zapatista, “Tudo para todos, nada para nós”.
Mais uma vez a história se repete e nos possibilita estabelecer um paralelo com a atualidade; o “panis et circenses” (pão e circo) que era um rudimentar método de alienação criado pelos romanos, funcionava da seguinte forma, enquanto o Imperador oferecia lutas no Coliseu, onde os escravos eram friamente entregues à morte, e se definhavam mutuamente para diversão dos plebeus, que mesmo descontentes com o governo aristocrático dos patrícios, permaneciam calados e omissos, pois tinham circo, que era a luta propriamente dita e além do mais, saiam contentes ao final do “espetáculo”, porque recebiam uma porção de pão. Fazendo um paralelo com o presente, vemos que o panis et circenses ainda está presente em nossa sociedade, porém somente o circenses, já que ao término de uma partida de futebol ou do capítulo da novela das oito, não recebemos nem sequer uma fatia de pão.
Sempre conscientes, sabemos que assim como o Estado, a igreja a escola, enfim, todas as instituições sociais podem nos auxiliar a deixar o senso comum para adotarmos o senso crítico ou nos ajudar a cultivar e consolidar definitivamente a alienação. Podem também acabar com a desigualdade social, ou prorroga-la por muitos e muitos anos.
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PORTAL COMUNISTA - publicação de WILLIAN DE SOUZA

terça-feira, 19 de maio de 2009

EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CIDADANIA E DEMOCRACIA

A cidadania vem sofrendo intensas modificações até adquirir a forma que conhecemos hoje. O conceito de cidadão também é alvo de intensas transformações, já que no início da idade moderna, ser cidadão era privilegio apenas de uma pequena parcela da população que era a burguesia, que por sua vez congregava somente homens livres, porém atualmente isso não mudou muito, mas fora arranjada uma maneira de maquiar e mascarar essa realidade para que ela tenha uma conotação mais bonita e leve para os desprovidos do senso crítico.
Tomando Roma como o berço da cidadania, vemos que esse conceito vem evoluindo desde a monarquia absolutista, passando por uma República comandada por uma elite de senadores, até chegar a instauração de um Império.
Depois de tanta evolução, “ou seria involução?”, ainda estamos debatendo as mesmas problemáticas encontradas pelos romanos quando a cidadania e pelos gregos quanto a democracia, isso na visão do proletariado, que sofre diretamente as conseqüências das más decisões tomadas pela elite, já que de acordo com o sistema capitalista ocidental, o mal nunca é cortado pela raiz, e analisando a linha staff de uma empresa qualquer isso fica ainda mais nítido, especialmente nos momentos de crise financeira, pois para reduzir os gastos, faz-se o seguinte, demitem em massa os subordinados, sejam metalúrgicos, office boys e etc., porém aqueles que dão as ordens, os verdadeiros culpados pelo declínio da empresa, os que geram mais gastos e possuem salários altíssimos, como gerentes e diretores, nunca são demitidos, de tal modo o proletariado fica refém da injustiça, condicionado ao sistema e totalmente desprovido de seus direitos.
Os valores da cidadania e da democracia não estão sendo seguidos, conclusão, a cidadania que deveria ser um direito de todos, acaba sendo um privilégio de poucos, a democracia que deveria ser um espaço aberto, onde todos tenham voz e vez, se transforma num recinto privado, donde uma minoria faz com que a maioria se submeta a leis corruptas e acabem se automutilando, esse é o perverso objetivo e a nefasta finalidade do mundo capitalista; o vitelo é dividido entre uma meia dúzia e o restante que se contente em roer os ossos.
Em resumo, quando os direitos não são respeitados, a política é deturpada, vendida e negligenciada, não há cidadania muito menos democracia, pois a maioria da população está refém nas mãos de uma elite minoritária, e o sistema vai lucrando cada vez mais, enquanto assiste preguiçosamente o trabalhador definhar.

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domingo, 10 de maio de 2009

O PAPEL SOCIAL DA EDUCAÇÃO

Sem dúvidas a educação é de grande importância para que o indivíduo consiga se inserir na sociedade. Mas por que é preciso aprender? A resposta é bastante simples, pois é por meio da educação e da aprendizagem que as gerações mais antigas transmitem às mais jovens sua cultura, suas tradições, regras, hábitos para uma convivência agradável e principalmente o conhecimento, e é a partir deste que o indivíduo se torna sociável e apto para a convivência em grupo, sendo capaz de transmitir, agregar e produzir o saber.
Para tanto, é necessário entendermos que o ato de agregar conhecimento é uma necessidade vital do ser humano. Instintivamente, o homem é um ser racional, e se fez homem ao se munir de todos os elementos disponíveis na natureza e na sociedade para propiciar e garantir a sua sobrevivência. Através do desafio, o ser humano criou condições de viver em todos os ambientes do planeta, por meio de seu incrível poder de transformação, ele modifica a natureza para adequá-la às suas necessidades. É justamente nessas situações mais críticas que somos colocados à prova, quanto todas as nossas habilidades e especialmente nosso conhecimento.
Na vida em sociedade as pessoas se educam entre si, trocam experiências e adquirem conhecimentos, não de forma teórica, mas de uma maneira prática, conseqüentemente, também existem as provações práticas, que são caracterizadas pelo desafio da convivência em grupo, que nos faz buscar na educação, atitudes que vão nos garantir uma boa convivência com a sociedade, isso nos faz procurar o crescimento interior, assim não cairemos na perdição do comodismo, então concluímos que o aprendizado ocorre a todo instante, independentemente da nossa vontade, pois desde uma conversa rápida e informal do nosso dia-a-dia, já estamos trocando conhecimento, no entanto, aprender é extremamente necessário e sumamente inevitável.
O tipo de educação que vimos anteriormente é chamado de informal, pois ocorre na vida diária, através da família, dos amigos e parentes, pela observação dos mais velhos, ou seja, independe de lugar ou hora apropriados e pré-estabelecidos para acontecer. Já a educação formal sugere o contrário, utiliza métodos, regras específicas e é realizada em instituições legítimas e oficiais, como escola, universidade, igreja e etc, que possuem processos, também oficiais, para avaliar o conhecimento teórico que fora agregado pelo indivíduo, através de testes, por exemplo.
Outro aspecto importantíssimo e que deve ser conceituado quanto a educação é a diferença entre ser estudante e ser aluno; estudante é aquele que tem o compromisso com a verdade, possui o senso crítico, é livre de preconceitos e não se deixa manipular e alienar. Já ser aluno (do latim alumnus, aquele que não tem luz própria), significa vivenciar o senso comum, não se questionar sobre a verdade, sendo incapaz de ver, julgar e agir por conta própria e sem receio, já que este indivíduo não tem segurança própria, alto-estima e atitude, coexiste no mais completo breu do mundo dos estereótipos.

Então, no contexto do processo de educação e aprendizagem, devemos questionar ao sermos chamados de alunos, pois se temos a atitude de entrar em uma sala de aula, dispostos a agregar, transmitir e produzir conhecimento, somos dignos estudantes.
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PORTAL COMUNISTA - publicação de WILLIAN DE SOUZA

CONCEPÇÃO DE MUNDO

Ao falarmos sobre concepção de mundo, devemos levar em consideração uma série de problemáticas e agravantes, que por sua vez não nos permitem uma opinião clara e livre de estereótipos em relação ao meio social qual vivemos, ou pior ainda, esses fatores podem deturpar a verdade e nos tornar “cegos” e “analfabetos” a ponto de sermos incapazes de reconhecer a verdade.
Tais fatores compreendem os meios de comunicação, as precárias decisões políticas tomadas em nosso país, e também a própria sociedade, que se encontra totalmente desrespeitada por si mesma, desmoralizada e omissa, entregue à perversidade do mundo capitalista e imperialista.
Ao listar os fatores que contribuem diretamente com a alienação das pessoas e comprometem a sua concepção do mundo, nos deparamos com o consumismo predatório e hedonista, e também, com os meios de alienação, que assim prefiro chamar por cumprirem com excelência seu papel de desinformar a população, divulgando um falso ideal de desenvolvimento e uma falsa sensação de ser e pertencer à sociedade “democrática”, que muito pelo contrário, é extremamente excludente e justamente por isso, está condenada à perpétua putrefação, caso os direitos do povo e os conceitos sobre cidadania continuarem a ser negligenciados.
Em relação ao consumismo, gostaria de citar o clarividente escritor Carlos Drummond de Andrade, que nos faz questionar sobre as condições impostas pelo consumo alienado, a partir de seu famoso poema “Eu, Etiqueta” que considera o consumo desenfreado, como uma prática insalubre, contribuindo diretamente com a perda da nossa identidade, da capacidade de nos auto-analisar e nos enxergar como seres humanos, capazes de consumir conscientemente ou de nos vender e nos deixar escravizar pela sociedade capitalista e hedonista, adepta do consumo predatório.
Depois de discutir o consumismo, podemos convergir e considerar que o desenvolvimento nada tem de agradável, pois é o contrário de envolvimento e cooperação, fatores fundamentais para o bom relacionamento do indivíduo com a sociedade, lembrando que com desenvolvimento surge a competição, além de uma série de antivalores que nada acrescentarão para a construção um mundo melhor, mais justo e fraterno.
É exatamente o ideal de desenvolvimento que insere o homem nos fluxos da aversão, e o faz divergir de sua condição humana, passando a não respeitar a vida, a moral, a política e os valores, na sede de conseguir a devida aceitação, a fim de participar do sistema capitalista e da sociedade do consumo, usando as outras pessoas como degrau.
Diante de tantas ações e reações equivocadas que vão destruindo as famílias e ceifando a vida de nossos irmãos, concluímos que a solução para estas problemáticas está diretamente ligada à educação, à consolidação do senso crítico e da consciência política.

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terça-feira, 5 de maio de 2009

EU, ETIQUETA

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
(...)
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
(...)
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
(...)
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente.
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Carlos Drummond de Andrade
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Realmente, a crítica feita por Carlos Drummond de Andrade, nos faz questionar sobre as condições que o consumo alienado nos impõem, mas podemos nos questionar também, quanto às soluções que o poeta deixa de argumentar, mesclando o consumo essencial para nossa sobrevivência com o consumo desenfreado, este que é insalubre e contribui diretamente com a perda da nossa identidade, da capacidade de nos auto-analisar e nos enxergar como seres humanos, capazes de consumir conscientemente ou nos vender e nos deixar escravizar pela sociedade capitalista e hedonista, adepta do consumo predatório.
O autor está certíssimo ao nos comparar a uma etiqueta, o que todos nós estamos sujeitos a nos tornar se não consumirmos com a finalidade de suprir o básico e essencial para vivermos como seres humanos e não como um out door ambulante.
Existem vários caminhos a seguir a fim de não nos tornarmos uma coisa, podemos nos abnegar totalmente aos artigos industrializados, passando a plantar nosso alimento e confeccionar nossas roupas, ou passar a consumir conscientemente, isto é, para suprir o essencial para continuarmos vivos, sem agredir o nosso “eu interior” e exceder os limites da real condição humana.
Se a sociedade impõem que devemos ser consumistas, então vamos consumir, mas não para satisfazer as necessidades gananciosas do mercado, pois se assim fizermos, justamente, estaremos nos tornando um produto, um barato bem de consumo, uma coisa propriamente dita.

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