Foi um seringueiro, sindicalista e ativista ambiental brasileiro. Sua intensa luta pela preservação da Amazônia o tornou conhecido internacionalmente e foi a causa de seu assassinato.
·Biografia / Principais lutas: Ainda criança começou aprender o ofício de seringueiro, acompanhando o pai em excursões pela mata.
Iniciou a vida de líder sindical em 1975, como secretário geral do recém-fundado Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. A partir de 1976, participou ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento através dos “empates”, manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos. Organizava, também, várias ações em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos e pelos povos indígenas.
Em 1977, participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, e foi eleito vereador pelo MDB local. Recebe, então, as primeiras ameaças de morte, por parte dos fazendeiros, e começa a ter problemas com seu próprio partido, que não se identificava com suas lutas.
Em 1979, Chico Mendes reúne lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal, transformando-a em um grande foro de debates. Acusado de subversão, é submetido a duros interrogatórios. Sem apoio, não consegue registrar a denúncia de tortura que sofrera em dezembro daquele ano.
Chico e demais representantes dos povos da floresta (seringueiros, índios e comunidades quilombolas) apresentam reivindicações durante II Encontro Nacional, em Brasília.
Chico Mendes foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e um dos seus dirigentes no Acre, tendo participado de comícios com o então presidente, Lula, naquela região. Em 1980 foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional a pedido de fazendeiros da região, que procuraram envolvê-lo no assassinato de um capataz de fazenda, possivelmente relacionado ao assassinato do presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia, Wilson Sousa Pinheiro.
Em 1981, Chico Mendes assume a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até sua morte. Candidato a deputado estadual pelo PT nas eleições de 1982, não consegue se eleger; e logo, é acusado de incitar posseiros à violência, foi julgado pelo Tribunal Militar de Manaus, e absolvido por falta de provas, em 1984.
Liderou o I Encontro Nacional dos Seringueiros, em outubro de 1985, durante o qual foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que se tornou a principal referência da categoria. Sob sua liderança a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional. A proposta da “União dos Povos da Floresta” em defesa da Floresta Amazônica, busca unir os interesses dos indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco babaçu e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas. Por sua vez, essas reservas preservam as áreas indígenas e a floresta, além de ser um instrumento da reforma agrária, tão desejada pelos seringueiros.
Em 1987, Chico Mendes recebeu a visita de alguns membros da ONU em Xapuri, que puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causada pelos projetos ambiciosos de empresas multinacionais. Dois meses depois leva estas denúncias ao Senado norte-americano e à reunião de um banco financiador, o BID. Os financiamentos a esses projetos são logo suspensos. Na ocasião, Chico Mendes é acusado por fazendeiros e políticos locais de “prejudicar o progresso”, o que aparentemente não convencera a opinião pública internacional. Alguns meses depois, Mendes recebe vários prêmios internacionais, destacando-se o Global 500, oferecido pela ONU, por sua luta em defesa do meio ambiente.
Ao longo de 1988 participa da implantação das primeiras reservas extrativistas criadas no estado do Acre. Ameaçado e perseguido por oposições organizadas, Mendes percorre o Brasil, participando de seminários, palestras e congressos onde denuncia a ação predatória contra a floresta e a violência dos fazendeiros para com os trabalhadores da região.
Após uma incessante luta a favor da desapropriação do Seringal Cachoeira, em Xapuri, agravam-se as ameaças de morte contra Chico Mendes, que por várias vezes denuncia publicamente os nomes de seus prováveis responsáveis. Deixa claro às autoridades policiais e governamentais que corre risco de vida e que necessita de garantias. No III Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), volta a denunciar sua situação, similar à de vários outros líderes de trabalhadores rurais em todo o país. A tese que apresenta em nome do Sindicato de Xapuri, Em Defesa dos Povos da Floresta, é aprovada por aclamação pelos quase seis mil delegados presentes. Ao término do Congresso, Mendes é eleito suplente da direção nacional da CUT. Assumiria também a presidência do Conselho Nacional dos Seringueiros a partir do II Encontro Nacional da categoria, marcado para março de 1989, mas infelizmente não sobrevivera até aquela data, pois fora assassinado no ainda no ano de 1988.
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PORTAL COMUNISTA - publicação de WILLIAN DE SOUZA